sábado, 19 de julho de 2014

Onde está o romantismo?

Boa tarde a todos os hot rodders!

E também aos apreciadores (as) de carros antigos que por ventura venham a visitar o meu humilde blog.
Este post é uma reflexão e nem tanto uma atualização sobre a Stude. É uma espécie de resposta aos que me perguntam o porquê de gastar tanto tempo "num carro velho". Velho não, antigo por favor.
E uma coisa que eu tinha em mente, mas como acontece com tudo na vida, só podemos afirmar mesmo quando sentimos na pele. E uma delas é: reformar um carro dessa idade dá trabalho. Muito. E consome muito dinheiro.

Contudo, ainda comentei com uma pessoa bem próxima, hoje o romantismo dos carros está diminuindo. Como assim? Não se usa mais carro como arma de sedução? Os carros perderam os sentimentos?

Perderam a identidade?



Não tenho muita certeza, mas pensemos assim: hoje o que penso quando vejo um Fluence, um Corolla, um New Civic com rodas não originais e que são de mesma medida (sejam 15 ou 16) fica algo estranho. Olho para o carro com outros olhos..... porque aquele tipo de carro sempre tem rodas de liga originais de fábrica.

Por que alguém trocaria a roda de fábrica por outra de mesma medida?

Ao contrário, quando eu tinha meu modesto Escort 93 (do modelo "Sapão") sempre pensava num belo jogo de rodas 15 a 17 enfeitando meu "possante". Gastei horas e horas pesquisando e tentando imaginar qual ficaria melhor, apesar de meus recursos à época serem bem mais limitados e o Escort ter ido embora sem ganhar o sonhado jogo de rodas.

O que isso quer dizer? Que antes, se pensava em personalizar o carro com rodas de liga leve pois as mesmas eram mais raras se virem de fábrica ou rodas um pouco maiores, um rádio diferente (Pioneer, Sony, JVC, Kenwood......) alto falantes mais potentes, aquele aerofólio desejado da versão esportiva (XR3, GTS, GSi, etc....) eram os acessórios que se colocavam nos carros.

Na mecânica, se falava muito em 049G.... carburador 2E...... escape 1/2" maior.....  rebaixar o cabeçote em 0,5mm.... aquelas coisas que não fazem o carro virar um foguete, mas mudavam e já davam o status de "mexido".

Hoje tudo é xenon o mais azul possível, rodas aro "a maior que couber" com pneus ultra finos, kits turbo com "2 kilos" (para andar devagar senao quebra, tem muita potencia..... ),  telas de DVD, GPS e tantas outras. 1001 cornetas para fazer o som berrar alto, sem preocupação com qualidade. O vizinho ou a pessoa do lado que não quer ouvir sua música? Aff.... ele que saia daqui.

Vejo isso andando na minha cidade, nos mesmos lugares que eu andava quando tinha 18 anos. E comparo e vejo as mesmas coisas na cidade onde moro hoje. E é parecido.

Antes falávamos "olha lá aquele Santana, ficaram legais as rodas". Mesmo sendo aro 14. Falavamos em escape "turbal" ou boca de sapo para fazer aquele ronco encorpado.

Mas antes de tudo isso, o carro deveria estar com a lata em dia e mecanica em dia. De que adiantam rodas 17 num carro que ao passar deixa uma nuvem de fumaça?
E o que isso tem a ver com hot rods e carros antigos? Isso tem a ver com manter este romantismo vivo. Escolher qual será o volante, as rodas, a cor e modelo do banco, da lataria, a manopla de câmbio e não tão incomumente, qual a mecânica.

E isso em qualquer grau e qualquer carro. O hot rod não é só questão de motor V8, carrões americanos e carburadores quadrijet. Um Passat 76 com rodas de Variant II, motor 2.0, volante "estilo Motolita", é um exemplo. Traz o mesmo tipo de romantismo.

É aquela coisa de gastar tempo procurando em ferro velho aquele acabamento da porta, o detalhe do para choque, o carburador maior, o jogo de bancos, a roda que só saiu "naquela" versão. Peças com 20, 25 anos. Ou mais......

Como disse um professor meu durante minha época de laboratório de motores na UFSM: "Ter um carro novo qualquer idiota tem. Basta ter dinheiro. Um carro antigo é preciso ter cérebro."
Carros com tanta idade já não servem para o dia a dia. Mas não estamos mais falando de carro para o dia a dia. Estamos falando de xodós...... do carro do final de semana....

Isso é personalização na minha cabeça. E a idéia básica dos hot rods não eram carros antigos com mecânica atualizada? Claro, várias classes, vertentes, tribos, grupos, linhas de pensamento.... como queiram chamar. Uns prezam mais conforto outros a velocidade. Mas a idéia de todos é sempre ter a marca do dono no carro.

Pode ser um Ford 29 V8 quadrijet ou um Passat 83 1.6 com injeção programável. O que interessa é ter a cara do dono. Afinal fazer o que todo mundo faz não é ter cérebro, é apenas copiar.
Por isso que não abro mão da minha Gertrudes. É cara e consome tempo.

Mas é romântica que só ela.

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